quinta-feira, 17 de março de 2011

UMA FERIDA ABSURDA em Curitiba





Na Cia. dos Homens apresenta a peça UMA FERIDA ABSURDA no dia 29 de março, dia do aniversário de Curitiba, as 20h, no encerramento do III Ato Poético, promovido pela Casa do Estudante Universitário.

quinta-feira, 10 de março de 2011

FICHA TÉCNICA

Texto - SONIA DANIEL

Tradução e Direção - CÉSAR MAIER

Elenco - MONALIZA MARCHI e SULIVAM SENA

Iluminação - CIZO DE SOUZA

Fotografia e Captação de Imagens - ROGÉRIO CHE

Designer Gráfico e Visagismo - CÉSAR MAIER

Foto do Cartaz - Leo Lemos

Trilha Sonora Original - REBELLO ALVARENGA

Produção - CÉSAR MAIER e SULIVAM SENA

Assessoria de Imprensa: EDUARDO GOULAR DE ANDRADE

quarta-feira, 9 de março de 2011

DIREÇÃO: CÉSAR MAIER


Inicia seus estudos em teatro em 1988 com o curso Interpretação a Partir do Trabalho com Máscaras e Maquiágem, ministrado pelos atores George Bigot e Maurice Durozier, integrantes do grupo francês Theatre du Soleil, realizado na cidade de Fortaleza/CE.

Em 1989, trabalha como ator nos espetáculos Conversação Sinfonieta, de Jean Tardieu, sob a direção de Romildo Moreira e O Defunto, de Renê de Obaldia, sob a direção de Wellington Pará; neste mesmo ano passa a integrar o Coral Zoada, sob a regência de Evis Matos, onde permanece por três anos, desenvolvendo a técnica de canto popular; em 1990 participa como o cantor, juntamente com o Coral Zoada, da montagem da peça Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, sob a direção de Ricardo Guilherme.

Em 1991, sob a direção de Aderbal Freire Filho, atua no espetáculo Narração da Viagem pela Província do Ceará e na comédia musical Raimundo e Raimunda, sob a direção de Oswald Barroso.

Em 1992 atua no espetáculo Alma Afoita, que retrata os acontecimentos da revolução separatista de 1932, com texto e direção de Oswald Barroso; no mesmo ano participa como aluno das oficinas O Ator Frente ao Texto, ministrada por Oswald Barroso; Iniciação à Dança, ministrado porAnália Timbó e O Ator, sua Anatomia e o Personagem, ministrada por Lau Santos (na qual são estudados, de forma teórica e prática, os princípios da Antropologia Teatral desenvolvidos por Eugenio Barba).

Em 1993 no curso de interpretação ministrado por Aderbal Freire Filho, estuda o trabalho do ator como condutor dos veios dramático e narrativo (a literatura no teatro) e atua no espetáculo Coração Materno da Cia. Neo Bufões, sob a direção de Lau Santos.

Em 1994 estuda a aplicação dos arquétipos junguianos na construção da personagem, em curso ministrado por Rubens Correia e o Método Laban no curso A Arte do Movimento, ministrado por Augusto Pereira da Rocha; participa, também, do curso O Ator Criador, ministrado por Aderbal Freire Filho.

Em 1997 transfere-se para Campinas/SP, onde realiza o espetáculo solo O Claro Abelardo com textos de Antonin Artaud, no qual atua como diretor, cenógrafo, figurinista e ator, com assistência de direção de Lika Rosa.

Em 1999, já residindo na cidade de São Paulo, integra o Centro de Pesquisa Teatral, sob a coordenação de Antunes Filho. No mesmo ano, estuda o método de Stanislawski em curso ministrado por Renato Borghi.

Em 2007, quando participa do curso Construção da Personagem, ministrado por Juliana Galdino, passa a integrar a companhia CLUB NOIR, dirigida por Juliana Galdino e Roberto Alvim.

Em 2009, dirige o espetáculo O Montacargas, com texto de Harold Pinter.

ILUMINAÇÃO: CIZO DE SOUZA

Cizo de Souza começou em 1985, aos 16 anos, como eletricista, oficio que aprendeu com o tio. Quatro anos mais tarde, foi convidado a atuar na XX Bienal de São Paulo, na áera de iluminação. Em seguida, entrou para o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde descobriu a paixão pela iluminação teatral. Entre os seus principais trabalhos estão "O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá", de Vladmir Capella e "No Reino das Aguas Claras", que lhe rendeu o prêmio APETESP, em 2000. Foi também vencedor do Prêmio Coca-Cola, pelo espetáculo "Avoar", também de Vladmir Capella, em 2005..

CENÁRIO - UM ESTUDO






CARTAZ

NA CIA. DOS HOMENS


Quando constituímos, em meados de 2008, o agrupamento teatral Na Cia. dos Homens, com o propósito de encenar peças contemporâneas, nos deparamos com uma imensa gama de autores de distintas nacionalidades, cujos textos tinham como característica comum o “retorno à palavra”.
Observamos, no entanto, que, nesses autores, a palavra não tem a função, como na escola naturalista - que a grande maioria deles rechaça- de constituir personagens (ou o que se costuma entender como personagem). Em seus textos, não temos diálogos que nos forneçam-à medida que a encenação decorra ou à medida que lemos essas peças–dados que nos levem a compreender quem são essas “figuras”, que idade têm, se são casadas, se têm filhos ou, até mesmo, que papel exercem dentro da “história” que está sendo contada. Os dados sobre os personagens–antes fornecidos à exaustão–são tão somente sugeridos, remetendo-nos à questão da crise de identidade, característica marcante do mundo contemporâneo.
Estávamos, portanto, diante de um desafio: descobrir outras técnicas que nos possibilitassem encenar esses autores. A técnica naturalista de Constantin Stanislawski–na qual a maiorias do satores brasileiros foi e continua sendo formada - não se adequa à poética e a complexa visão de mundo que esses autores nos propõem, onde a tentativa de compreender o homem e o mundo em que vivemos, não parte de uma visão cartesiana e das relações entre causa e efeito.
Nessa busca por uma nova técnica, duas referências se apresentaram como fundamentais: o diretor teatral francês Claude Regy e o diretor de cinema–também francês–Robert Bresson.
O aprofundado estudo da obra e do pensamente desses dois artistas (principalmente Bresson, cujos filmes foram recentemente lançados no Brasil) e de estudiosos de suas obras, nos ajudaram a compreender melhor os elementos constituintes de um universo onde é fundamental que o ator torne-se “invisível” – para usar um termo do ator japonês Yoshi Oida, colaborador do diretor inglês Peter Brook. Ao mesmo tempo, o ator deve ser capaz de transitar pelas várias sensações solicitadas pelo texto, que em sua grande parte é formado por diversas narrativas, aparentemente independentes, que constituem o sentido da obra. Como primeiro resultado desta pesquisa, montamos o espetáculo O MONTACARGAS, de autoria de Harold Pinter, que cumpriu temporada inicial entre 04 de Julho e 30 de Outubro de 2009, tendo re-estreiado em 16 de janeiro de 2010 e permanecido até 28 de fevereiro do mesmo ano, sempre no Espaço dos Satyros.

ENCENAÇÃO: O TEATRO, O CINEMA E O FORA DE CAMPO


Um dos aspectos da encenação de UMA FERIDA ABSURDA que nos parece importante salientar é o uso de um recurso comumente utilizado no cinema- o fora de campo, - que diz respeito a toda a ação que ocorre fora do campo de visão do espectador - que, aqui, é utilizado sempre que a personagem OUTRA se refere ao casal, visto por ela do outro lado da plataforma de embarque.
Misto de projeção (o casal nos remete à própria personágem e ao homem com quem viveu) e rompimento do espaço/tempo da representação, o recurso utilizado por Sonia Daniel - autora do texto - vem de encontro ao nosso desejo de fazer uma arte, cujo elemento primordial seja o estímulo do uso da imaginação por parte do espectador–“um teatro que não mostra, mas faz ver”.
Os códigos de representação são, portanto, reinventados a partir da pesquisa realizada pela Cia. desde 2008) cujos pressupostos se baseiam na quase imobilidade–os movimentos dos atores em cena nunca ilustram o que está sendo dito– e na palavra como elemento capaz de criar miríades de imagens na mente do espectador.
Apersonagem N presentificada através da projeção de imagens, numa proposta de explicitar o diálogo entre o teatro e o cinema (uma das referências mais marcantes da peça, tanto do ponto de vista textual quanto estilístico) e conferir-lhe um aspecto diáfano e distante, simbolizando a perda da inocência e da pureza– a infância perdida- na vida dessa mulher.
Os cenários e figurinos -extremamente minimalistas - obedece um dos princípios do nosso trabalho: é o ator que, a partir de seus recursos vocais e de sua presença absoluta, deve ser o elemento fundamental do teatro– a arte e o espaço que privilegiam o encontro entre os homens com o mínimo de intermediação tecnológica possível.

UMA DENÚNCIA EM FORMA DE POEMA


Para além dos seus aspectos formais em diálogo com a arte contemporânea que constituem uma quebra do paradigma naturalista, UMA FERIDA ABSURDA se propõe a fazer, de forma poética, uma denúncia de como, ainda hoje, o corpo feminino é tratado como objeto, cuja posse é negada à mulher, muitas vezes de maneira ostensiva.
Temas como aborto, maus tratos, solidão e vazio, são abordados, a partir da história de uma mulher que espera, numa estação, um trêm que nunca para - cuja simbologia se constitui de imediato na metáfora de uma vida que passou, sem que sua existência plena fosse permitida.
A estação, por outro lado, vai se transformando, aos poucos, num espaço onírico, onde as lembranças se materializam, a dor se faz presente e os sonhos não realizados torturam e martirizam.
Representando diferentes aspectos dessa mulher, os personagens (UMA – a velhice sábia, mas amargurada, OUTRA - a idade adulta, plena de pulsões e desejos inconscientes e N – a pureza e a inocência da infância) nos apresentam narrativas aparentemente desconexas, que vão formando um grande mosaico de sensações, permitindo que o espectador forme, ao final do espetáculo, a história de uma vida.

MONALIZA MARCHI



SULIVAM SENA