quarta-feira, 9 de março de 2011

UMA DENÚNCIA EM FORMA DE POEMA


Para além dos seus aspectos formais em diálogo com a arte contemporânea que constituem uma quebra do paradigma naturalista, UMA FERIDA ABSURDA se propõe a fazer, de forma poética, uma denúncia de como, ainda hoje, o corpo feminino é tratado como objeto, cuja posse é negada à mulher, muitas vezes de maneira ostensiva.
Temas como aborto, maus tratos, solidão e vazio, são abordados, a partir da história de uma mulher que espera, numa estação, um trêm que nunca para - cuja simbologia se constitui de imediato na metáfora de uma vida que passou, sem que sua existência plena fosse permitida.
A estação, por outro lado, vai se transformando, aos poucos, num espaço onírico, onde as lembranças se materializam, a dor se faz presente e os sonhos não realizados torturam e martirizam.
Representando diferentes aspectos dessa mulher, os personagens (UMA – a velhice sábia, mas amargurada, OUTRA - a idade adulta, plena de pulsões e desejos inconscientes e N – a pureza e a inocência da infância) nos apresentam narrativas aparentemente desconexas, que vão formando um grande mosaico de sensações, permitindo que o espectador forme, ao final do espetáculo, a história de uma vida.

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